Inseminação artificial em bovinos.



1 - Introdução
A inseminação artificial é um processo pelo qual o esperma coletado do
macho é processado, estocado e artificialmente introduzido no trato
reprodutivo da fêmea para fecundá-la. Tem se tornado uma das mais
importantes técnicas disponíveis para o melhoramento genético dos
animais domésticos.

2 - Vantagens da Inseminação Artificial
-Melhoramento do rebanho em menor tempo e a um custo mais
baixo, com sêmen de reprodutores comprovadamente superiores
para a produção de leite e carne.
-Controle de doenças. Pela monta natural tanto o touro como a vaca
podem transmitir doenças, o que pode ser controlado e mais
facilmente evitado com a prática da inseminação artificial .
-Permite ao criador cruzar suas fêmeas zebuínas com touros deraças européias e vice-versa, por meio da utilização de sêmen desses touros. Sabe-se que em muitas regiões do Brasil os touros
de origem européia dificilmente se adaptar-se-iam às condições de
manejo reprodutivo existentes.
- Touros de alto padrão genético com problemas adquiridos e
impossibilitados de efetuarem a monta natural, em razão de idade
avançada, problemas de aprumos e cascos, fraturas, aderência de
pênis, etc., poderão ser ainda utilizados por meio da inseminação
artificial.
- Aumenta o número de descendentes de um reprodutor. Um touro
cobre a cada ano, a campo, cerca de 30 vacas. Em regime de
monta controlada, pode servir a um máximo de 100 fêmeas, a cada
ano. Isso significa que, considerando ser de 10 anos a vida
reprodutiva de um touro, teremos um total de 300 a 1.000 filhos por
animal, durante sua vida. Com a inseminação artificial um
reprodutor pode ter mais de 100.000 filhos.
- Padronização do rebanho da fazenda pela utilização de um só
reprodutor para grande número de vacas.
- Reduz o risco de dispersão de doenças transmitidas sexualmente.


3 - Fatores condicionantes a implantação da técnica
Os resultados e o sucesso da implantação da técnica da inseminação
artificial vão depender basicamente do manejo adotado na fazenda, da
qualidade do sêmen utilizado e da eficiência do inseminador.
 
3.1 Manejo da Fazenda
É importante que as vacas inseminadas sejam examinadas em tempo
hábil para o diagnóstico de prenhez. Com um minucioso exame das
fêmeas que não apresentam bom desempenho reprodutivo, comunicar ao
técnico os casos de fêmeas paridas com mais de 90 dias sem
manifestação de cios, vacas com cios irregulares, vacas com infecção,
vacas repetidoras de cios, além outras alterações, para as devidas
providências.
Nota : A parceria entre o técnico, o criador , o inseminador e demais
empregados da fazenda é fundamental para o sucesso dessa atividade
através da troca de informações e estabelecimento de normas de manejo,
nutrição e controle sanitário do rebanho.


Alguns cuidados
Pastagens: boas pastagens com subdivisões, suplementação mineral
adequada em cochos cobertos, aguadas de boa qualidade e bem
distribuídas e suplementação na seca (feno, silagem, cana, capim para
corte etc.) asseguram ao rebanho bons níveis de produção de leite, ganho
de peso e fertilidade.
Vacinações : são indispensáveis para evitar o aparecimento de doenças,
assim como o combate aos vermes, carrapatos, moscas, etc.
Separar em lotes : para um bom manejo na fazenda é importante que os
animais sejam separados em lotes de acordo com sua categoria e
condição fisiológica: lote de bezerros desmamados, machos e fêmeas,
novilhas, garrotes, bois, vacas paridas, cheias e vazias, vacas solteiras,
cheias e vazias, vacas amojadas e touros. Identificação: todas as vacas
devem ser identificadas e cada animal deve ter uma ficha onde serão
lançadas todas as ocorrências. Essas fichas são um instrumento de
seleção, pois permitem identificar os animais mais e menos produtivos.


3.2 Manejo do Rebanho
Vacas amojadas: deverão permanecer em piquetes-maternidade até,
aproximadamente, 30 dias após o parto.
Bezerros recém-nascidos: verificar para que mamem o colostro,
preferencialmente, nas primeiras seis horas após o nascimento e proceder
a cura do umbigo.
Secagem das vacas: as vacas leiteiras devem estar secas 60 dias antes
da data prevista do parto.
Novilhas: fornecer boa alimentação às futuras vacas. Somente liberar as
novilhas para a reprodução após atingirem um desenvolvimento adequado
(combinação de peso e idade).
Pós-parto: as vacas devem ficar em repouso para a recuperação pósparto em razão do período final de gestação, parto e início de lactação,
além de aguardar a completa involução uterina. Recomenda-se somente
liberar a vaca para a inseminação artificial após decorridos 45 - 60 dias do
parto.
Desmame: em gado de corte, recomenda-se que seja feito o desmame
entre 7 e 8 meses de idade, quando machos e fêmeas deverão ser
separados. No entanto, a introdução de um programa de suplementação
dos bezerros ao pé da vaca, como o esquema de aleitamento interrompido
ou mesmo a implantação de um programa de desmama precoce, têm
trazido inúmeros benefícios à fertilidade do rebanho.


3.3 Instalações
Embora não chegue a ser fator limitante, é bom lembrar que para o bom
desempenho dos trabalhos de inseminação, algumas instalações básicas
são recomendadas:
- Tronco coberto ou brete;
- Cômodo para os materiais de seminação;
- Pia com água corrente.

O tronco deve ser coberto para proteger da luz solar e das águas de
chuvas, extremamente prejudiciais ao espermatozóides. Uma simples
adaptação nas instalações já existentes, na maioria das fazendas, é
suficiente para dotar a fazenda das condições necessárias.


4 - Procedimentos para a Inseminação Artificial
Na técnica reto-vaginal de inseminação artificial com palhetas, o
inseminador toma o aplicador devidamente recoberto pela bainha estéril
contendo a palheta de sêmen, e o introduz na vaca, conduzindo-o pelo
interior da cérvix até atingir o corpo do útero (local para a deposição do
sêmen). A maior parte do sêmen é aí depositada, sendo que pequena
porção remanescente pode ficar retida na cérvix quando da retirada do
aplicador.
Ocorrência do Cio
O intervalo médio de repetição de cio na vaca é de 21 dias, sendo que as
novilhas têm intervalo menor, enquanto as vacas mais velhas têm intervalo
maior. Assim, considera-se que o ciclo estral nas fêmeas bovinas pode
variar de 17 a 24 dias.
Por definição, cio ou estro é o período em que a fêmea aceita
passivamente a monta. O período que antecede ao cio, é conhecido como
período pré-cio e os sinais manifestados pelos animais são:
- Inquietação, nervosismo;
- Cauda erguida;
- Urina freqüentemente;
- Mugidos freqüentes;
- Vulva inchada e brilhante;
- Liberação de muco cristalino, transparente e semelhante à clara de
ovo;
- Monta as outras fêmeas, mas não aceita monta
O pré-cio dura de 4 a 10 horas. À partir de determinado momento, a fêmea
passa a aceitar a monta, iniciando o cio.
Deve ser observado que no cio o animal apresenta os mesmos sinais do
pré - cio, com a diferença de que no cio o animal monta e também aceita
monta. É importante observar que todos esses sinais vão diminuindo em
freqüência e em intensidade, à medida que se aproxima o final do cio.
Na vaca, o cio dura de 10 até 18 horas, ou seja, a fêmea aceita a monta
por 10 a 18 horas. O final do cio será então caracterizado pelo momento
em que a fêmea não mais aceitar a monta e é o momento ideal para que a
inseminação seja feita.
Reconhecimento do Cio
Recomenda-se de duas a três observações diárias de cio, devendo-se
dedicar-se pelo menos 40 minutos a cada observação. A utilização ou não
de rufiões, com ou sem buçal marcador, o emprego de vacas androgenizadas ou outros auxiliares, bem como os horários de observação
de cio deverão ser orientados por um técnico que assiste a fazenda.


5 - Horário apropriado para a Inseminação Artificial
Dadas as dificuldades de se proceder a inseminação artificial no horário
ideal (final de cio), recomenda-se um esquema prático, proposto por
Trimberger e que há muito vem sendo utilizado com bons resultados:
-Vacas observadas em cio pela manhã (aceitando monta) deverão
ser inseminadas à tarde do mesmo dia.
- Vacas observadas em cio à tarde devem ser inseminadas na manhã
do dia seguinte, logo ao amanhecer.
Obs.: Deve-se salientar que a maioria das fêmeas entra em cio à noite e
de madrugada, sendo observadas em cio pela manhã, o que significa que
a maioria das inseminações serão realizadas à tarde.
A inseminação artificial também pode ser realizada em horário único com
algumas vantagens: é mais prático e de fácil execução; as fêmeas em cio
não ficam presas aguardando a inseminação. Elas são recolhidas ao
curral, inseminadas e imediatamente após devolvidas ao lote, sendo assim
submetidas a níveis menores de estresse.


6 - Qualidade do Sêmen
Os reprodutores devem ser cuidadosamente selecionados. Devem
apresentar testículos completamente normais, produzir sêmen de alta
qualidade e serem livres de doenças.
Devem ser submetidos a exames de saúde periódicos e seguir todos os
códigos de saúde.
Após a coleta, somente o sêmen de alta qualidade deve ser processado e
armazenado. O sêmen pode ser armazenado satisfatoriamente por longo
tempo quando mantido em nitrogênio líquido a 196 º C negativos. A falta
de nitrogênio líquido, mesmo por poucas horas, pode resultar na completa
destruição de um banco de sêmen.
Obs.: O manejo inadequado do sêmen durante a estocagem também
diminui a fertilidade.


7 - O inseminador
Dentro de um programa de inseminação artificial, o inseminador constituise em peça fundamental. De sua dedicação e condição de trabalho vão
depender, em grande parte, os resultados. É preciso que o inseminador
seja treinado em noções básicas sobre o animal e seu manejo, utilização
do sêmen e o manejo adequado dos equipamentos.
Outro aspecto importante e muitas vezes, responsável por insucessos nos
resultados da inseminação, é a higiene durante o processo: higiene
pessoal , com o animal; das instalações e com o material utilizado.












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