ABATE DE AVES

1. INTRODUÇÃO 
No Brasil o abate de aves deve ocorrer conforme o estabelecido no RIISPOA: 
Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal e no 
Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e Higiênico-Sanitária de Carne de Aves. 
Nesses regulamentos são tratadas questões que referem ao: pré-abate, que engloba a 
captura e transporte dos animais e o abate que consiste nas  seguintes etapas: 
insensibilização, sangria, escalda, depenagem, evisceração, pré-resfriamento, resfriamento,
gotejamento, classificação, embalagem, tempo de armazenamento.
2. PRÉ-ABATE  
O manuseio pré-abate tem início do jejum das aves e a dieta líquida. O jejum é 
praticado com o objetivo de limpar o trato digestivo de tal forma evitar a contaminação da 
carcaça e casos de ruptura. 
O tempo de jejum é iniciado quando os comedouros são suspensos e termina no 
abate. A duração ideal deste tempo está entre 8 a 12 horas. Períodos superiores à doze 
horas podem levar a ocorrências fisiológicas indesejáveis que comprometem a qualidade da 
carne. Essas ocorrências normalmente causam problemas quando a evisceração. Os 
problemas mais comuns são: (1) rompimento do intestino devido o acúmulo de gases e a 
redução da espessura; (2) contaminação com bílis - no período de jejum ocorre acúmulo de 
bílis na vesícula biliar e está ao romper durante a evisceração causa contaminação da 
carcaça; (3) endurecimento do tecido de revestimento das moelas; (4) aderência do papo a 
carcaça, em razão da desidratação da ave, entre outros.
2.1 CAPTURA 
A captura dos frangos deve ser realizada com rapidez e preferencialmente no 
período noturno, sob luz azul, pois as aves não apresentam visibilidade da cor azul. Deve-se 
agrupar o lote facilitando a sua captura. Os frangos devem ser capturados individualmente e 
levados pelas duas pernas. Deve ser cuidadosamente segura na posição vertical. Se forem 
levadas em grupos, nunca levar mais que três aves na mão. Elas devem ser carregadas 
sem causar desconforto e ferimento aos animais. 
2.2 TRANSPORTE  
Recomenda-se realizar o transporte à noite, lembrando que na hora do abate, o 
primeiro lote que chegou ao abatedouro será o primeiro a ser abatido. Os animais são 
transportados em gaiolas, sendo que em cada m
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 no inverno é possível  realizar o transporte 
de 45kg e no verão 38kg (10 a 12 aves por gaiola).  
Em dias muito quentes é necessário molhar as aves para a realização do transporte 
(Figura 1) evitando assim a morte de alguns animais. 
Ao chegar ao abatedouro, os caminhões devem ficar em plataforma de descanso 
com ventiladores com aspersão de água.
Figura 1. Transporte de aves 
3. ABATE 
O processo de abate é dividido em diversas fases que serão comentadas abaixo. 
3.1 INSENSIBILIZAÇÃO  
Todo animal antes do abate deve passar pela insensibilização (figura 2). Esse 
processo dura 7 segundos e é feito para que não ocorra o sofrimento da ave. 
Esta técnica pode ser feita através de gás, sendo um processo pouco usual devido 
ao alto custo, portanto na maioria das vezes a insensibilização é realizada através da 
eletronarcose, que nada mais é a imersão da ave em água com corrente elétrica causando 
um choque na mesma. A voltagem do choque é de acordo com o fabricante. A eletronarcose 
diminui a eficiência da sangria (principalmente acima de 80 v) e pode, também, inibir 
parcialmente as reações bioquímicas post-mortem, atuando na maciez do peito.  
Figura 2. Insensibilização por eletronarcose
3.2 SANGRIA  
Dura, em média, 3 minutos, sendo um processo passivo podendo ser acelerada pelo 
bombeamento cardíaco. Nos primeiros 40% do tempo desse processo, os animais devem 
ter perdido 80% do sangue. Se a sangria ultrapassar o limite de 3 minutos a depenagem 
será prejudicada, pois as aves estarão aprisionando as penas pelos folículos devido ao 
estado de rigor mortis. 
3.3 ESCALDA  
 O tempo necessário é de 2 minutos com a temperatura de 52ºC para que ocorra o 
afrouxamento das penas. É importante ressaltar que não se deve ultrapassar este tempo 
pois irá ocorrer o cozimento da carcaça e se ficar um tempo menor que o recomendado não 
ocorrerá o afrouxamento das penas dificultando a depenagem. 
3.4 DEPENAGEM 
  
É o processo de retirada das penas feita através de um rolo que possui um dedo de 
borracha para não machucar a carcaça. Durante esse processo podem ocorrer algumas 
lesões na carcaça sendo a mais comum à fratura das asas. É importante ajustar as 
depenadeiras para o tamanho do frango.  
Depois da depenagem (figura 3) é necessário fazer um acabamento que consiste na 
retirada das penas que ficaram na carcaça de forma manual.
Figura 3. Máquina de depenagem.
3.5 EVISCERAÇÃO  
Antes da evisceração as aves são lavadas em chuveiros de aspersão. Inicialmente é 
feito o corte da cloaca e a seguir abertura do abdome. As vísceras são expostas, 
examinadas e separadas. A retirada das víceras procede na seguinte ordem: glândula 
uropígea, traquéia, cloaca, retirada das víceras não comestíveis, retirada das víceras 
comestíveis e pulmões. Os pulmões são extraídos através da pistola de compressão de ar, 
pois estes são fixos.Terminada a evisceração realiza-se a lavagem interna.  
3.6 PRÉ-RESFRIAMENTO (Pré-chiller)
 O pré-resfriamento consiste na imersão em tanques de inox a uma temperatura de 
10- 18ºC, durante 12 minutos, com 2 litros de água por ave. O pré-chiller serve para dar 
início ao resfriamento, limpeza e reidratação da carcaça. O chiller finaliza este processo.
Figura 4. Pré Chiller
3.7 RESFRIAMENTO (Chiller)
Ocorre com temperatura de 2ºC durante 17 minutos sendo necessário 1,5 litros de 
água por ave e para aumentar o resfriamento pode-se acrescentar 2 a 5 ppm de propilenoglicol na água.
Figura 6. Frangos na saída do Chiller
3.8 GOTEJAMENTO 
Dura 3 minutos, o máximo de água que pode ser absorvida é 8%, porém, no Brasil, 
existem carcaças com até 25% de água.    
3.9 CLASSIFICAÇÃO  
 As aves podem ser classificadas em frangos inteiros e frangos em cortes. Aves com 
lesões têm aproveitamento parcial para cortes. A tipificação é realizada pelo peso, ou de 
acordo com o desejo do comprador.  
3.10 EMBALAGEM  
Normalmente, as carcaças são embaladas a vácuo (CO2) na presença de atmosfera 
modificada ou em polietileno com grampo.  
3.11 TEMPO DE ARMAZENAMENTO 
A temperatura de -1 a 1ºC e UR 80-85% permite durabilidade de 6 a 8 dias e com 
temperatura do túnel de -35 a -40ºC por 4 horas permite o armazenamento a -12ºC com 
durabilidade de 8 a 18 meses.
4 BIBLIOGRAFIA 
BRASIL.  Ministério da Agricultura. Regulamento da inspeção industrial e sanitária de 
produtos de origem animal - RIISPOA. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/ on 
line>. Acesso em: 30 de junho de 2007.. 
BRASIL.  Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Regulamento da inspeção 
tecnológica e higiênico-sanitária de carne de aves. Disponível em: 
<http://www.agais.com/normas/>. Acesso em: 2 de julho de 2007. 
GROSSKLAUS, D., BRÜHANN, W., LEVETZOW, R.  Inspección sanitaria de la carne de 
ave. Zaragoza: Acribia, 1982. 
JORNAL DA CIDADE, São Paulo, 17 de julho de 2007. Disponível em: 
http://www.jornaldacidade.net/noticia.php?id=71091&PHPSESSID=1dd37ee2a698e47d323a
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NUNES, F.G. Otimizando o processamento de aves.  Catálogo Brasileiro de Produtos e 
Serviços, v. 8, 1998.  
RIBEIRO, D.F. Influência do manejo de pré-abate e das operações de abate na qualidade e 
rendimento das carcaças. Revista Nacional da Carne, São Paulo, v.19, n.223,1995.  
ROÇA, R.O., BONASSI, I.A. Temas de tecnologia da carne e produtos derivados. Botucatu: 
Faculdade de Ciências Agronômicas. 1981.  
ROÇA, R.O., São Paulo. Disponível em: 
http://dgta.fca.unesp.br/carnes/Artigos%20Tecnicos/Roca104.pdf > Acesso em: 30 de julho 
2007. 
SCHNEIDER, I.S. Processamento industrial de aves. São Paulo: Ed. Bras. Agr., 1973, 












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