Pesquisa de pastagem em Juína-MT

A pesquisa realizada abrangeu a área que liga o centro de Juína em direção ao IFMT, denominada Linha J, com determinado interesse de levantar o tipo de pastagem que é utilizada entre as propriedades e se é utilizado práticas culturais, obtendo assim uma análise sobre qual a forrageira que é mais especifica nesta determinada área e o que leva a escolha desta e suas vantagens na produção animal. Foram entrevistados 9 proprietários, e foi constatado os seguintes dados:

·         PASTEJO
Foi constatado no levantamento dois métodos de pastejo: o rotativo e o contínuo.
·         Pastejo Rotacionado
Entre porcentagens de proprietários que utilizam o sistema de pastejo rotativo, foi constatado:
·         16,67 % dos proprietários utilizam deste método.
Esse método consiste na divisão da área de pastagem em parcelas sendo cada parcela pastoreada periodicamente. O numero de parcelas é bem superior e o gado passa sucessivamente em cada uma até retornar a primeira, já suficientemente descansada, portanto apta a receber novamente os animais. O tempo de pastoreio e a carga de cada parcela são reguladas pelo próprio crescimento das forrageiras.
É um sistema de pastoreio aplicado quase que exclusivamente para pastagens cultivadas em condições climáticas favoráveis, impondo no máximo de aproveitamento. Trata-se, com este método, de aumentar a capacidade produtiva das forrageiras, pela restauração da fertilidade do solo, pelos cuidados constantes dispensados à pastagem e pelos métodos racionais de aproveitamento das forrageiras, do pastoreio ou no corte. A vantagem deste processo de pastoreio reside na utilização total da produção forrageira de cada parcela. Mas ainda este método é pouco conhecido por produtores sendo assim muito pouco utilizado necessitando de orientação de um técnico especializado.

·         Pastejo contínuo
Entre porcentagens de proprietários que utilizam o sistema de pastejo continuo, foi constatado:
-83,33% dos proprietários utilizam deste método.
Este sistema é muito conhecido por grande parte dos proprietários e sendo assim muito utilizado, caracterizando-se pela existência de apenas uma pastagem, que é utilizada de forma continua durante o ano todo e os anos consecutivos. A lotação é fixa e os animais não saem para que haja um descanso (recuperação) da mesma. Este método traz muitas desvantagens tanto para o proprietário com a perda de peso dos animais e os danos a pastagem como:

·         Desaparecimento de varias especies forrageiras, talvez as melhores ou então as mais palatáveis;
·         Favorecem a entrada de plantas invasoras;
·         Há um enfraquecimento da pastagem pela degradação ou degeneração de certas especies forrageiras;
·         Ha aumento de pragas vegetais devido ao mau pastoreio e acúmulo de esterco em certos locais;
·         Favorece o desenvolvimento de ectoparasita, como bernes e carrapatos;
·         Diminui a capacidade de lotação por unidade de área.
·         Espécies de Forrageiras cultivadas: Gramíneas e Leguminosas

Segundo a pesquisa foi constatado diversas espécies de forrageiras:

·         Brizantão
·         MG 5
·         Monbaça
·         Masai
·         Braquiária Humidicla
·         Estrela Africana
·         Anapier
·         Estilozante

No grupo de forrageiras estão incluídas as famílias botânicas denominadas:
·         Gramíneas
·         Leguminosas.
·         Gramíneas
Características:
·         Raiz: Fasciculada (em forma de cabeleira)
·         Caule: colmo, com nós e entrenós
·         Folhas: Lanceolada (mais comprida do que larga com nervuras paralelinérveas)
·         Flores: Dispostas em estruturas características, chamadas espiguetas
·         Inflorescência: As espiguetas estão dispostas em panículas (inflorescência composta e de natureza variada, em cacho ou em espiga.), racemos (inflorescência indefinida que traz as flores pedunculadas, ao longo do eixo central indiviso)
·         Fruto: Tipo cariopse (um fruto com uma semente presa ao pericarpo em toda a extensão)
·         Ex: Milho, Aveia cana, Colonião e etc.
·         99,9% utilizam a espécie Brizantão ou Branquirão: Brachiaria Brizantha
Essa espécie forrageira da família botânica das gramíneas tem origem da Africa, sendo útil geralmente em pastejo e fenação e caracteriza-se por abito de crescimento ereto (perpendicular ao solo com as gemas acima do nível do solo) podendo atingir de 1,0-1,2 m, é menos vigoroso para gramar pois é estolonifero (abito de crescimento horizontal com os caules e as raízes fixadas ao solo com folhas nas vertical) alem de ser perene ( que germina, desenvolve, produz por vários anos).
Este tipo de gramínea pode ser manejado com a entrada dos animais com 50 a 60 cm de altura, e saída dos animais com 25 a 30 cm, tendo por período de descanso de 35 dias.
Os proprietários não utilizam o manejo correto deste capim por isso o fato de ocorrer degradação do mesmo assim os proprietários só levam em conta as vantagens de o capim ser resistente a seca, ao corte e a cigarrinha (praga que ataca as pastagens nesta região).

·         8,33 % utilizam a espécie MG 5: Brachiaria Brizantha CV MG5 - Vitória
Originário da África, a gramínea MG5 possui porte de 1,6 m de altura sendo utilizado geralmente para pastoreio direto e fenação. Possui uma excelente digestibilidade (facilidade de digestão pelo animal), sendo por esta tolerante à seca e a solos mal drenados. Essa espécie necessita de solos de média e alta fertilidade dependendo da área de cultivo. É uma cultivar perene e pode ser consorciada com as demais espécies: arachis, calapogônio, stylosanthes, puerária, soja perene e etc.

·         8,33% utilizam a especie Monbaça: Panicum maximum, cv. MOMBAÇA
Esta gramínea (variedade de forrageira) foi pouco utilizada em nosso levantamento, esta especie possui um ciclo vegetativo (período que fica no campo) perene, cespitoso (crescimento em forma de touceira), atingindo 1,65m de altura, esta gramínea possui as vantagens de ter uma boa digestibilidade, boa resistência a seca e a cigarrinha. Esta especie é recomendada para áreas de solo com alta fertilidade geralmente de cerrado por isso é dificultoso o cultivo desta especie em Juína, tem a exigência de 60 dias de descanso (período para o pasto alcançar o porte necessário para um novo pastejo).

·         8,33% utilizam a especie Massai: Panicum maximum CV. MASSAI
É uma cultivar que forma touceiras, com altura média de 60 cm e folhas quebradiças. É uma gramínea de múltiplo uso, isto é, tem muito boa aceitação entre bovinos, equinos e ovinos.
Apresenta resistência à cigarrinha-das-pastagens.
Os colmos são verdes e possui excelente produção de forragem, com grande velocidade de estabelecimento e de rebrota, média tolerância ao fria e boa resistência ao fogo. Geralmente é a mais usada para produtores pelo fato de ser resistente ao fogo e as sementes suportar as queimadas.
Seu sistema radicular é privilegiado, com raízes profundas que captam água e nutrientes com facilidade, e mais se adaptam às condições adversas do solo, como compactação, alta acidez, baixa fertilidade,etc.
Em climas com estação chuvosa no verão, como a região Centro-Oeste, o plantio deverá ser realizado de meados de outubro até fevereiro, sendo a época ideal o período de 15 de novembro a 15 de janeiro. 
·         16,67 % Baquiaria Humidicula: Brachiaria humidicula
Conhecido como capim-quicuio da Amazônia ou capim-agulha. Tem sua origem na África. É pouco exigente em fertilidade do solo, sendo utilizado geralmente para pastejo. Esta espécie de gramínea possui porte perene e hábito de crescimento ereto, rizomatoso (com caule e gemas subterrâneas) e estolonífero. Recomenda-se a entrada dos animais no local de pastagem com 25 cm de altura e saída com 10 cm, com período de descanso de 30 dias. A espécie possui rendimento de 12 a 15 t MS/ha/ano, com boa resistência a seca, pisoteio e cigarrinha, e pode ser consorciado com amendoim forrageiro.

·         8,33% Estrela Africana: Cynodon nlemfuensis
Também conhecido como Capim Tifton-68. Trata-se de uma planta perene, com período de vida longa, a gramínea é uma das principais fontes de alimentação dos rebanhos brasileiros. Porém, com o decorrer do tempo e muitas vezes em virtude de manejos inadequados, está acaba passando por processos de degradação, tornando-se motivo de preocupação para os pecuaristas brasileiros, reduzindo a produtividade do seu rebanho, em carne ou leite e, por consequência, sua margem de lucro.
Porem é exigente em solos com boa fertilidade deve que por esse motivo não é utilizado na região de juína. Esta espécie caracteriza-se por ser perene, com habito de crescimento estolonifero, e não apresenta rizomas (caule subterrâneo no todo ou em parte e de crescimento horizontal )com a
entrada dos animais com 25-30 cm de altura e saída com 10 cm de altura, tendo por período de descanso de 30 dias. Possui rendimento de 10 a 15t de matéria seca/ha/ano, apresentando resistência média a seca e tolera pisoteios. Pode ser consorciado com a leguminoseai amendoim forrageiro.

·         16,67% Napier: Pennisetum purpureum
Também conhecido como Capim-elefante; Capim-cana. Originário da África, apresentando bastante exigente em fertilidade e não se adapta em solos úmidos, sendo útil para pastejo, forragem para corte e ensilagem. Apresenta alta palatabilidade,com habito de crescimento Cespitoso e perene, pode atingir até 6 m de altura, sendo muito comum 3 a 4 m.Na região utiliza-se geralmente como alimento alternativo no período da seca fornecendo o ao gado picado ou em silagem.
O rendimento anual pode ultrapassar a 180 t/ha/ano em 5 cortes, é uma gramínea bastante rústica,suportando bem o pisoteio, com relativa resistência ao frio, fogo e queima com geadas. É sensível ao ataque de cigarrinha. Ótima para essa região pelas características que se mostra sendo muito empregado em varias propriedades. Esta espécie apresenta cultivares como : Mineiro, cameroon, Porto Rico, Vrukwonea, Taiwan A-148, Roxo.
·         Leguminosas
Características:
·         Raiz: Pivotante (apresenta raiz principal, coifa, menor do que as demais)
·         Caule: Variável (herbáceo, arbustivo e arbóreo)
·         Folhas: Compostas, alternadas
·         Flores: Diclamídeas, unicarpelares e multiovuladas
·         Inflorescência: Panícula (inflorescência composta e de natureza variada, em cacho ou em espiga), racemo (Inflorescência indefinida que traz as flores pedunculadas, ao longo do eixo central indiviso)
·         Fruto: Tipo legume (vagem)
·         Ex: Leucena, Alfafa, Siratro, Cornichão e trevos, etc.
·         16,67 utilizam a especie Estilozante: Stylozantes multilinea
Esta leguminosa (variedade de forrageira) também não é muito utilizada nas propriedades pesquisadas, esta espécie tem origem em Minas Gerais, sendo esta não muito exigente na fertilidade do solo se adaptando bem em solos ácidos, mas responde bem à adubação. É uma planta semi-ereta e perene. Pode atingir 2,5 m de altura e quando sob manejo apresenta-se postado ( com o hábito de crescimento horizontal e emite folhas na vertical, porém os caules não emitem raízes). Quando empregado em pastejo, evitar o rebaixamento excessivo (deixar a pastagem com a altura abaixo do recomendado), porque pode eliminar a coroa que se eleva com facilidade.
O porte da cultura favorável ao porte é em torno de 50 a 60 cm, quando a planta já tem bom valor forrageiro e ainda bom digestibilidade. Pode produzir de 11 a 13 t/ha/ano de massa seca. É bem aconselhada a região de Juina pelas características de adaptação ao clima e ao solo, resistente a seca e pisoteio, não tolera geadas e nem solos alagados. Hoje não é muito utilizado pelo motivo de ser pouco conhecido pelos produtores e pela falta de conhecimento de seu manejo. O estilosanthes mineirão pode ser empregado para associação com andropogon, jaraguá e braquiárias, que são outras espécies de forrageiras.

·         Manejo da Área

Muitos dos proprietários não se importam em manejar a área onde irá se estabelecer determinada pastagens, com isso afetando diretamente na eficiência da forrageira, levando o produtor a pensar que escolheu uma espécie ruim e de fraco desenvolvimento. Muitos que fazem o manejo adequado obtêm sucesso na produção e no ganho de peso de seus animais.
Foi constatado na pesquisa que dos nove proprietários entrevistados, apenas alguns adotaram os seguintes métodos:
Calagem: é uma etapa do preparo do solo queda qual se aplica calcário com os objetivos de elevar os teores de cálcio e magnésio, neutralização do alumínio trivalente (elemento tóxico para as plantas) e corrigir o pH do solo, para um desenvolvimento satisfatório das culturas calagem aplicação de calcário, e com isso, obtendo uma pastagem mais adequada ao solo gerando com isso o bom desenvolvimento futuro da mesma.
Gradagem: É a prática que consiste no destorroamento do solo, que nesse caso, teve a intenção de acabar com a espécie antes cultivada no local para a utilização de outra.
Capina manual: Apenas um dos proprietários utiliza esse método, que consiste na retirada de plantas invasoras em poucas quantidades no local da pastagem, que delimitam a cobertura uniforme do pasto.
O que pode ser observado nas áreas de pastagens foi falta de manejo, má escolha do terreno, pouca preparação no momento de plantio, orientações irregulares de visinhos na escolha de pastagens sendo essa não apropriada para a sua determinada área.





















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Abraço, Roselaine Mezz